segunda-feira, 4 de julho de 2011

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A eletricidade do Sol

Brasil começa a usar painéis solares de forma mais abrangente

Dinorah Ereno e Marcos de Oliveira

A energia solar ainda tem uma participação menor que 0,01% na matriz energética brasileira, mas as expectativas são de forte crescimento nos próximos anos. O setor está se estruturando no país e os preços dos equipamentos em nível global começam a cair na esteira do aumento da produção mundial. Entre 2009 e 2010, a industrialização de sistemas de energia solar ou fotovoltaicos cresceu 118%, atingindo um total produzido de 27,2 gigawatts (GW) de potência, segundo apurou a revista Photon International. Esse número representa a potência instalada de quase duas usinas de Itaipu. Mesmo com os níveis recentes de crescimento, que ultrapassa os 40% a cada ano desde 2004, a presença desse tipo de fonte energética não chega a 1% em todo o planeta. A expansão mundial, puxada em quase 50% pela produção da China no ano passado, traz muitas perguntas.

Um dos obstáculos para o Brasil e outros países aumentarem a participação nesse tipo de energia é o alto preço dos painéis solares e demais equipamentos. A falta de domínio da tecnologia e de fábricas também é apontada como responsável pela dificuldade em se avançar na energia solar no país. O que existe de promissor é uma nova tecnologia para montagem de placas fotovoltaicas desenvolvida por pesquisadores do Núcleo de Tecnologia em Energia Solar (NT-Solar) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), sob a coordenação do professor Adriano Moehlecke e da professora Izete Zanesco. A partir de um tratamento feito nas lâminas importadas de silício purificado, os pesquisadores conseguiram maior eficiência na conversão da radiação solar em eletricidade. “A tecnologia foi comprovada com a fabricação de mais de 12 mil células solares em uma planta piloto e a montagem de 200 módulos fotovoltaicos”, diz Moehlecke, coordenador do NT-Solar. Na minifábrica foram produzidas células com até 15,4% de eficiência energética, número que representa quanto de radiação solar é aproveitado pelo equipamento, enquanto a média mundial está em 14%. “Um dos diferenciais da nossa tecnologia é que usamos matéria-prima de baixo custo, o que reduz o preço final.” As células solares podem ser feitas de vários materiais, mas hoje 90% dos painéis produzidos no mundo são de silício.

Após a comprovação de que a tecnologia nacional é viável para uso em grande escala, os esforços estão concentrados no estabelecimento de uma indústria no Brasil. “Desde o final do ano passado, está sendo elaborado um plano de negócios com esse objetivo”, diz Moehlecke. O desenvolvimento da tecnologia e do plano de negócios teve apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), da Eletrosul e da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica, empresa de economia mista do Rio Grande do Sul.

Fonte: Revista FAPESP, Edição Impressa 184 - Junho 2011.

Comentário:

Os engenheiros devem estar atentos para essas possibilidades de geração de energia elétrica alternativa. As inovações possibilitam oportunidades de empregos, pesquisa e negócios (empreender). Abaixo comentários do pesquisador Prof Rüther da UFSC:

Os aeroportos são grandes áreas horizontais, livres de sombreamento e que serviriam de vitrine para outros usos, funcionando como um objeto de marketing para a energia solar no país, como ocorre em vários aeroportos da Alemanha, nas cidades de Munique e Colônia”, diz Rüther, que tem um projeto de pesquisa de painéis solares destinados a aeroportos financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em 66 aeroportos brasileiros, com painéis solares instalados, seria possível ter uma potência total de 300MW, suficiente para suprir todo o consumo de energia elétrica. Grande parte da eletricidade nesses ambientes é gasta ao longo do dia com sistemas de ar-condicionado.

No Brasil ainda não há projeto para lagos, mas o professor Rüther, da UFSC, já fez estudos sobre o aproveitamento da represa de Itaipu. “Seria possível gerar cerca de 183 terawatts-hora por ano (Twh), o que representa 40% da energia consumida no Brasil, se o lago de 1.350 quilômetros quadrados fosse coberto com painéis solares”, diz Rüther. “Em Itaipu, por exemplo, se o lago fosse coberto, haveria a possibilidade de economizar a energia da hidrelétrica de dia, ou seria possível substituir com a energia excedente uma parte da operação das usinas termelétricas que funcionam com gás natural.”

3 comentários:

  1. Luiz Edson de Castro Filho4 de julho de 2011 às 15:30

    Trata-se de tema que apaixona quem dele se aproxima. Ainda nos anos 70 tive o primeiro contato com a energia solar através de um curso ministrado pelo Prof. Randolpho Marques Lobato da ABPPOLAR. Quem observa São Paulo do alto, p.ex., nota a imensidão de telhados com áreas passíveis de aproveitamento para produção de energia fotovoltáica. Imaginem um Pavilhão do Anhembi, o que não poderia fornecer de energia ! Os próprios veículos automotores, após uma conveniente adequação, naqueles dias de congestionamento sob sol escaldante, apenas desligariam seus motores movidos a combustível fóssil e acionariam suas baterias elétricas alimentadas pelas placas distribuídas na carenagem de seus carros. Sem NENHUMA POLUIÇÃO por maior que fosse o congestionamento ! E sem gastar o combustível de seu tanque ! Não precisamos de UMA MUDANÇA GRANDE, mas principalmente de MUITAS MUDANÇAS PEQUENAS. Assim é mais fácil.

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  2. Parabéns por atenção a esse assunto tão importante que é a energia solar. No Brasil podemos aproveitar muito dessa fonte e é quase certo que seja o caminho para termos energia limpa de maneira sustentável com menos impacto ambiental que as hidrelétricas.

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  3. O BRASIL é um país tropical, com muito SOL, muita ÁGUA, muita TERRA CULTIVÁVEL, muita GENTE para PLANTAR e muita GENTE para CONSUMIR.

    Além da energia SOLAR DIRETA, temos as AGROENERGIAS renováveis e limpas das BIOMASSAS, como o álcool de cana e os óleos vegetais, que substituem as energias fósseis, finitas e poluentes, como o PETRÓLEO.

    BRASIL para os BRASILEIROS, JÁ !!!

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