José Roberto Afonso lança e-book no qual analisa ligação entre boom de crédito e crescimento da dívida
Alessandra Saraiva Fernando Dantas/RIO
Em meio à crise internacional dos mercados financeiros, a economia brasileira está longe de blindada, para José Roberto Afonso, especialista em finanças públicas. Envolvido na criação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Afonso alerta para os possíveis impactos negativos nas áreas fiscal e cambial da crise no Brasil e critica o avanço da dívida pública brasileira.
Ele acaba de lançar o e-book “Crise, Estado e Economia Brasileira”, pela editora Agir. Para o economista, o aumento da dívida em dólar das empresas brasileiras é uma vulnerabilidade que pode cobrar seu preço, caso a moeda americana dispare por causa da crise. Segundo Afonso, mesmo após ter superado a crise de 2008, a economia brasileira ainda “vive perigosamente”.
Lembrando das conseqüências, no início da crise global, do uso de “derivativos cambiais tóxicos”, ele fala que, além de empresas altamente expostas, um dos maiores bancos brasileiros “quebrou”. “Podem até dar outro nome para isso, fusão. Mas quebrou” afirma. Afonso recusa- se a citar o nome, mas a referência tem todo o aspecto de ser ao Unibanco, absorvido pelo Itaú.
O economista tem uma interpretação original, desenvolvida no livro recém-lançado, sobre o grande aumento do crédito no Brasil. Normalmente, o boom de crédito é visto como um avanço muito promissor dos últimos anos, mas alguns analistas preocupam-se com o que seria uma expansão excessiva.
Afonso também se preocupa, mas especialmente porque vê ligação entre o aumento da dívida pública bruta e a expansão do crédito. Simplificadamente, é como se o governo se endividasse para repassar dinheiro aos bancos públicos que, por sua vez, emprestam às empresas. Estas, finalmente, financiam o governo ao comprar títulos públicos.
O problema desse circuito, para Afonso, é que grande parte desse roda de endividamento não está sendo usada para financiar investimentos. E, dado os altos juros, é um mecanismo muito caro.
Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo, 29 de Agosto de 2011, B8.
Comentário:
A argumentação desenvolvida pelo economista da FGV guarda relação com propostas do programa do Movimento Recriar o CREA-SP.
Na próxima edição do Blog serão apresentados maiores detalhes através da entrevista do mencionado economista.
A EngeCredSP defende o Crédito Cooperativo como uma forma de reduzir a exposição no mercado financeiro aberto. Conheça a EngeCredSP e o que significa Cooperação.
ResponderExcluir